sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Desafios russos

Bem, voltando ao blog, escrevo sobre algumas situações que não acontecem no Brasil, mas que, definitivamente, são rotina por aqui:

Caminhar na neve: parece simples, mas acredite, não é! Caminhar na neve requer muito cuidado, ou então um escorregão é inevitável, principalmente nos caminhos que se formam onde muitas pessoas passam, pois ali o a neve se compacta e fica se forma uma camada de gelo... e não existe botas para isso, pode ser a borracha mais macia possível, não há nada que seja capaz de criar atrito com o gelo. Tal ´princípio´ fez inclusive eu mudar um pouco a minha rota para chegar ao apartamento: antes, eu precisava passar por uma subida mais íngreme, mas com muito gelo deste tipo. Subir até não é o problema, mas quando eu tinha que descer essa ladeira eu tinha muito medo de escorregar... sim, medo! Pois quando se caminha sobre uma superfície como esta, a sensação de que a próxima derrapagem está no próximo passo é apavorante... não é nem um pouco agradável ver seus dois pezinhos na vertical e na altura da cintura, bem à frente dos olhos. A faço outro caminho em que a subida não possui tais obstáculos.

Transporte público: eu acho divertido, me sinto uma espécie de ´detetive´, hehe... pois sei que todos à minha volta falam russo e as informações que são passadas, tanto por microfone quanto pelo letreiro também nessa linguazinha nada fácil. Assim, sempre preciso saber onde entrar e onde sair do trem, e ainda torcer para ninguém vir falar comigo, pois não gosto de parecer estrangeiro. É só atender ao celular e falar inglês, por exemplo, que todos ficam olhando como se eu fosse o mais novo animalzinho do zoológico... enfim, não gosto disso, prefiro ficar com a cara fechada e não dar um pio se quer. Ah, um detalhe... aqui não existem roletas, você paga a passagem a um cobrador que fica circulando pelos vagões. Sim, este cobrador fala apenas russo. Dessa forma, é só levar os 10 rublos certinho e pagar sem falar nada. Ah, isso não é apenas eu que faço, a maioria das pessoas que usam transporte público ficam caladas durante o trajeto todo.

Compras em geral: mesmo para um simples lanchinho no Mc´donalds, devemos fazer o pedido para pessoas que falam russo. Assim, a primeira frase que se fala para algum atendente é ´Я не понимаю русский´, pronuncia-se ´iá ne ponimaiu ruski´... bem, normalmente a primeira reação e ficar olhando como se fosse o mais novo animalzinho do zoológico, de novo, mas nesse caso não há outra alternativa. Algumas palavrinhas em russo ajudam e a mímica complementa.

Se ´entrochar´ de roupa antes de sair: bem, com a calefação, a maior parte do tempo ficamos em temperaturas entre 15 e 20 C. Mas lá fora sempre estamos com temperaturas negativas. Assim, antes de sair de casa, devemos colocar pelo menos três calças (sim, três... não inventa de colocar só duas que o arrependimento é certo!), umas duas camisetas com algo mais ´grosso´ por cima, meias de lã (nos dias mais frios, duas), luvas, cachecol, gorro, botas e, finalmente, o super-ultra-gigante casaco. No começo, são quase 10 minutos só se vestindo, mas a gente pega o jeito.

Horário: além da diferença de 5 horas a mais que o Brasil (quando o Brasil está no horário de verão, como agora), anoitece muito cedo por aqui. 5 horas da tarde é escuro! E o sol se põe muito rápido também... em aproximadamente 30 minutos saímos do dia para a noite. É muito comum, para mim, imaginar ser oito ou nove da noite quando ainda é seis horas, por exemplo. Ah, anoitece cedo apenas no inverno, pois ouvi falar que, por aqui, no verão 22 horas ainda é claro. Bem, o fato é que quando a noite cai, a temperatura despenca! Mesmo, para ficar caminhando à toa, tem de ser de dia... assim que escurece é impossível permanecer 30 minutos sem procurar um lugar para se aquecer... impressionante!

Semáforo para pedestres: por aqui, temos semáforos para pedestres. Sim, no Brasil também existem... mas aí eu pergunto, quem respeita isso? Respondo: os russos. Por mais que não exista trânsito nenhum de carros em nenhum sentido, se o semáforo de pedestres está fechado, as pessoas não atravessam a rua... é impressionante observar isso em temperaturas como -15 C. Sim, já aconteceu de o Sr. Arthur simplesmente olhar para os dois lados da rua e atravessar no sinal vermelho, hehe... mas eu juro que foi só uma vez, e por descuido!

Bem, acredito que os desafios mais expressivos enfrentados no dia-a-dia sejam esses... claro que temos acontecimentos menores, mas isso eu conto pessoalmente!

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